Eu disse que terminaria na quinta, mas... hoje eu termino! Vocês viram, era impossível contar num post só como eu descobri o linfoma, né? Bom, continuando...
Depois da biópsia a céu aberto eu passei muito mal por uns dias. Muito enjôo por causa dos remédios ou por causa da anestesia geral, fraqueza, dor... afinal, abriram um pedaço do meu pulmão!
O dia 20 de dezembro foi o dia "D". Estava com a minha mãe e o Marcelo no quarto. De repente, o Marcelo sai para atender o telefone. Alguns minutos depois, minha mãe também sai do quarto. Eu achei estranho, eles nunca me deixavam sozinha. Depois eles me contaram que eram os médicos contando a "novidade" para eles antes de contar para mim.. Passados mais uns minutos, entra o infectologista e me fala o seguinte: "Helô, preciso conversar com você. Não é coisa boa, mas depois você vai ver que não é tão ruim assim." Nessa hora, entram minha mãe, o Marcelo e... o oncologista! De novo ele? Eu falei: "Você era a última pessoa que eu queria ver agora...". E eles começam a me explicar: "Infelizmente era mesmo um linfoma. A boa notícia é que a gente vai tratar e você vai ficar boa. Mas vai ser um período chato... Vamos fazer quimioterapia de 3 em 3 semanas, de 6 a 8 sessões, blá, blá blá, blá..., o cabelo vai cair...". E nessa hora eu comecei a chorar. Como já contei para vocês, eu tinha achado que estava livre de tudo isso, até festinha no hospital a gente fez para comemorar que não era câncer!... Estava dando ainda mais valor ao meu cabelo porque não ia perdê-lo e agora... não ia ter jeito! O Marcelo contou (eu não lembrava disso) que quando eu comecei a chorar eu falei: "Desculpa, é que eu achei que estava livre disso!" E ainda pedi desculpa? Ai, ai...
Não lembro de muita coisa mais nesse dia... Lembro de uma hora que o oncologista ficou falando e falando do tratamento e, quase saindo do quarto, ele perguntou: "Tudo bem?". E eu: "Tá, né?". Ele respondeu: "Nossa, mas se já está nesse desânimo antes de começar o tratamento!". Aí eu, "brava": "Antes de começar, não! Eu já estou sendo tratada há mais de 2 meses!!!". Ele adorou, falou que era isso que ele estava querendo, uma reação! E os médicos ficaram me perguntando se eu queria uma psicóloga, um acompanhamento... e eu dizia que não. Minha mãe é psicóloga, oras! Rsrsrs... Eu acho que esse apoio é fundamental, mas até agora não senti necessidade. Graças a Deus, como vocês vêem, estou levando "numa boa", na medida do possível, né?
Lembro também que meus irmãos chegaram logo em seguida e ficaram lá até bem tarde, todo mundo meio arrasado. Meu pai veio no dia seguinte. Ah! E com certeza lembro da parte que o oncologista falou que minha imunidade ia ficar muito baixa e que teria que evitar lugares com muita gente e não poderia dar beijos, abraços e apertos de mão em ninguém, a não ser meus pais, irmãos e marido. Fiquei meio chocada nessa hora, porque isso é muito ruim! Ele disse que não poderia passar o Natal na casa da minha tia, como o programado, pois era muita gente. Eu fiquei bem chateada. E completou: "Sabe essa balada que fica aqui no seu quarto? Acabou, tá proibido!". A "balada" eram as visitas todas que eu recebia... muita gente! Que bom, quer dizer que muita gente gosta de mim hehehe... e é muito importante ter esse apoio nessas horas. A partir desse dia, os parentes iam no hospital dar apoio, mas ficavam lá fora.
Eu não poderia comer nada cru fora de casa por todo o período do tratamento, nada cru nem em casa do décimo ao décimo quinto dia depois de cada quimio (é quando a imunidade fica mais baixa), teria que ficar longe de gente doente, gatos (menos o Marcelo kkk), pássaros e crianças (que ficam doentes facilmente, podendo passar para mim). Triste, mas é o que tem pra hoje, então sempre penso: "são só mais alguns meses".
Na última consulta, quinta-feira antes da quimio, o médico disse que tudo está dando super certo até agora porque estou seguindo direitinho as recomendações. Então é bom continuar assim, né? E, aqui, cabe aquela frase: "A gente nunca sabe o quanto é forte, até que ser forte é a única opção que temos." ;-)